1ª PARTE - A INFÂNCIA POBRE

Infelizmente grandes reveses viriam a perturbar a
tranquilidade dos Soubirous, devido a grande bondade do casal sofreram muitos
calotes de pessoas mal intencionadas, porque nenhum dos dois sabia escrever.
Também o moinho concorreu para a penúria dos Soubirous que imaginavam quando da
morte da avó Casterot, se tornariam seus proprietários, porém a digna viúva era
apenas arrendatária, o velho moinho já muito gasto, aos poucos tornava-se imprestável.
A freguesia ia escassando pois a farinha do outrora afamado moinho de Boly, já
não tinha mais a mesma alvura. Os negócios iam muito mal.
Bernadete contava apenas dez meses, quando certa noite, sua
mãe que esperava para breve outra criança, sentada à lareira teve o seio
queimado por uma vela acesa que caiu sob ambas, impossibilitando a amamentação,
o que fez com que a senhora a entregasse
para uma dama de leite, ao preço de 5 francos por mês. Nasceu então Jean
Soubirous o segundo filho do casal, que após dois meses partiu para o céu,
fazendo a Senhora trazer a filha
Bernadette de volta.
A menina era de saúde frágil e quando a cólera assolou os
bairros de Lordes em 1855 a menina quase sucumbiu ao terrível mal. Nessa mesma
época, a família agora com quatro filhos, viu-se obrigada a mudar novamente,
pois com a morte da avó Casterot, coube-lhes apenas 900 francos que foram
totalmente investidos para a compra de um moinho novo. A família teve que se
instalar em uma cabana, combinaram que Luisa ajudaria nos trabalhos do campo,
enquanto Francisco cuidaria sozinho do moinho, cuja maquinaria era das mais
primitivas e de fraca produção.

Apesar de todo sacrifício do Sr Soubirous para manter a
família, foi em vão e em 1856 se depararam com a falência e a miséria.
Restando-lhes apenas um último abrigo por quantia mínima, um fétido e úmido
cubículo, onde fora a prisão da cidade, os quais os habitantes de Lourdes
haviam batizado de: “o calabouço”.
A sra Luisa então solicita ajuda a ama de leite, que ainda
nutre muito carinho pela menina Bernadette e esta lhe consegue um serviço na
granja de seu marido em troca de alguns trocados para o pão. Também se encarregou
de procurar escola para ela, pois devido as dificuldades dos pais de se
estabelecerem em um local, a pobrezinha apesar de já contar com mais de dez
anos, não havia frequentado escola e ainda precisaria que lhe ensinassem o
catecismo.
A menina, agora empolgada com o ensino, vê-se de frente ao
seu mais novo desafio, aprender a leitura e o catecismo que era para ela por
demais complicado, mas percebendo o persistente interesse, o marido de sua ama
de leite, oferece mais um ofício a Bernadette a de pastorinha de suas ovelhas.
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